top of page

Serena, Safira e Senther - O Conto das Três Estrelas da Escuridão.


Quando o primeiro sino soasse, a primeira morte despertaria, quando o segundo sino badalasse, a terra apodreceria. E, enfim, quando o último sino fosse tocado, a escuridão reinaria outra vez — sussurrou o velho.


Era uma tradição das mais antigas, ninguém sabia o quão antiga era essa lenda, mas todos a conheciam. Todos se encontravam em volta da quente fogueira, extasiados pela a história que estava sendo contada. As chamas refletidas em seus olhos, iluminado seus rostos incrivelmente vidrados.


— Nessa época os últimos gigantes ainda viviam sobre essas terras, comiam de nossas carnes e guerreavam até com os dragões mais temidos. Nunca houve tantos repolhos jogados ao chão ao caírem da cera dos seus ouvidos, pelo menos não passávamos fome. — suspirou com graça, mas seu rosto estava marcado de expressões aterrorizantes. — Os Guardiões ainda não possuíam o poder que têm hoje, não, bem longe disso. Eles sofriam nas mãos dos terríveis gigantes e se arriscavam nos ninhos dos dragões em busca de proteção. Todos os que os seguiam, pareciam atormentados pelas mortes que os colhiam cada vez mais, diminuindo sua resistência ao desaparecimento desse novo mundo.


" Mas, mal sabiam, que a esperança de uma nova Era estava prestes acontecer ao amanhecer, quando uma estrela desceu dos Céus, a última estrela a se despedir da noite, tocaria o solo e nele tudo o que não fosse mais puro do que o brilho da Lua Cheia se transformaria em pó, e assim, o primeiro sino foi soado. Retumbou até os confins dos corações dos Guardiões, e assim como a morte foi entregue a imortalidade lhes foi dada. "


O sacerdote gesticulava com confiança e caminhou entre os jovens que o observavam. E sorriu pela a atenção que recebia. Seu dedo apontou para a jovem que o olhava perto de Serena, que estava eternizada em pedras e cristais ao seu lado, pousando majestosamente com as asas resplandecidas em ouro branco e um sino do tamanho de seu dorso em suas mãos.


— Lyra, o que acha? Possuí o branco mais puro em sua alma? E o coração livre da culpa e feliz em essência? Ainda estaria inteira quando os últimos ainda estivessem de pé?— Os olhos verdes musgo encararam a garota que se encolheu no tronco em que estava, e as palavras saíram sem sua total consciência:


— Como alguém pode ser livre da culpa se não somos perfeitos para não cometer erros? Posso ter uma alma pura, mas não um coração livre de arrependimentos.


O velho continuou a encará-la, antes de respondê-la:


— Se me permite dizer, criança, você é muito jovem para ter sabedoria suficiente para ter a capacidade para se perdoar, mas sinto que não foi totalmente honesta, contudo é um direito seu em guardar sua verdade somente para si. — Virou-se novamente para a planteia que entretinha, e continuou a contar o que foi cantado aos sete ventos.


" A segunda estrela a cair foi Safira, esbanjou toda sua beleza ao pousar com suas asas azuis da cor da noite, um sino do tamanho de uma de suas penas estava amarrado por uma fita em seu pulso, e quando seu badalar aflorou-se por todas as terras, pela primeira vez desde a chegada dos Guardiões, o Céu obscureceu e tudo que fosse plantações e possuísse raízes fincadas no terra apodreceu com suas almas. E três flores ela presenteou os pequenos seres: O lírio para representar a pureza de seus corações, a lótus para que toda vida que a terra semeasse os frutos lhe seriam bem vindos até que apenas sobrasse a mais densa escuridão naqueles a quem ela foi destinada a manter intocáveis. E a pervinca que assim como eles, protegeria quem dedicou-se sempre a servir por toda eternidade." — calou-se por um momento.


A terceira estrela era a mais esperada e temida. Como a última de sua linhagem, não possuía a misericórdia de Serene, e nem a bondade e gentileza de Safira. Ela traria a provação de que um dia os humanos foram dignos das bençãos de suas irmãs.


Conforme sobre a terceira estrela a lenda era contada, as chamas rodopiaram em azul, como o forte batimentos de seus corações.

— E como um golpe silencioso de espada cravada no coração, Senther despertou. Ela não trouxe presentes e nem punições, apenas a escuridão com o sino que ninguém sabia onde estava, apenas ouviam quando tocava toda vez que cada ser vivo era levado. E com ela durante três dias e três noites a escuridão reinou outra vez.


As chamas se apagaram de repente deixando os que escutavam amedrontados e os gritos surpresos suspensos entre o silêncio que dominava até os uivos dos ventos foram muitos.


— Até as sombras engoliam o que encontrasse de luz— continuou.— A loucura apossou-se dos mais fracos. Depois foi os o que a terra se agarravam que foram levados, e por último Senthe levou o mal que os corrompia, trazendo a ordem no caos que causou. Quando suas asas negras como ébano cintilaram na escuridão prontas para voar, o sino em seu pescoço, minúsculo em comparação aos outros dois foi deixado, e finalmente foi tocado por mãos humanas e esse foi o último favor, que a estrela havia deixado.


A respiração prendida pelos mais jovens finalmente foi capaz de tragar o oxigênio que seus pulmões necessitavam. E como o silêncio havia se rompido, a festividade aumentou. E o medo era substituído pela mais pura vivacidade após o tempo de escuridão. Como sempre aconteceu desde os primórdios da humanidade, e agora a fogueira brilhava e crepitava entre as vozes que cantavam.


 

Olá, o que acharam? Esse é um conto do livro que estamos escrevendo, espero que tenham gostado. Demorou um pouquinho para fazer, mas realmente gostamos de como ficou. Tenham uma ótima semana.







Mesmo com o bater do coração do universo, a primeira fagulha de mil sons foi ativado dando início ao canto do universo, Assim múltiplas estrelas foram concebidas pelas a grande luz. E por mais de dez mil séculos espantaram a escuridão do mundo.

- Mesmero H.L. Anjens











Destaques

Posts Recentes

Arquivos

Tags

Siga a gente

  • Facebook Social Icon
  • Twitter Social Icon
  • Google+ Social Icon
bottom of page